Lula poderá recorrer em liberdade da sentença ao próprio TRF-4, mas sua candidatura ao Planalto fica ainda mais ameaçada
Do Congresso em Foco
Em um julgamentof que durou aproximadamente nove horas, o ex-presidente Lula foi condenado em segunda instância, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, a 12 anos e 1 mês de prisão. Por unanimidade, os três desembargadores concluíram que o petista cometeu os crimes atribuídos a ele pelo Ministério Público Federal e pelo juiz Sérgio Moro no caso do triplex do Guarujá (SP). Para piorar a situação do ex-presidente, os magistrados elevaram em quase três anos a pena determinada em primeira instância.
Lula não será preso agora nem está completamente fora da disputa eleitoral, que lidera, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. Mas a derrota por três a zero reduz as chances de recurso do ex-presidente.
Ele poderá entrar somente com embargo declaratório, mecanismo que permite a contestação de algum aspecto do acórdão e que costuma ser julgado com celeridade, sem mudar o mérito da ação. Se tivesse tido um voto a seu favor, mesmo que fosse por divergência no período da prisão, ele poderia lançar mão do embargo infringente, o que abriria caminho para um novo julgamento, situação que tenderia a se encerrar somente após a eleição.
Além de recorrer ao TRF-4, Lula poderá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), para se manter em liberdade, e pedir uma liminar na Justiça para continuar com sua candidatura à Presidência. Para os desembargadores, ficou evidenciado que o ex-presidente obteve de maneira ilícita vantagem em troca de contratos para a OAS com a Petrobras.
<< Defesa de Lula diz que Moro criou sua própria acusação com motivação política
Veja os principais argumentos das partes:
João Pedro Gebran Neto, o relator
Relator da ação, o desembargador sugeriu o aumento em quase três anos da pena de prisão contra Lula. Para ele, ficaram claras as provas de “culpabilidade elevada” de Lula.
Gebran refutou a sustentação da defesa de que era necessário “ato de ofício” do ex-presidente para que o crime de corrupção fosse provado e considerou que há prova testemunhal e documental de que Lula era o mantenedor e fiador do esquema de corrupção na Petrobras.
Ele também interpretou que os detalhes em documentos apreendidos durante o processo e em diversos depoimentos deixam claro que as reformas custeadas pela empreiteira OAS foram feitas especialmente para a família do ex-presidente.
<< Relator vota pela condenação de Lula e aumenta pena para 12 anos de prisão