A professora Carla*, do interior de Minas Gerais, aceitou o convite do PSL para se candidatar a deputada estadual neste ano. Mas em 16 de agosto, data em que teve início o período eleitoral, decidiu abandonar a disputa e entregou uma carta ao partido, escrita de próprio punho, solicitando sua retirada da lista de postulantes, alegando “motivos de força maior”. Ainda assim, seu nome entrou na página de divulgação de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e até a publicação dessa matéria, ela continuava figurando como concorrente ao cargo – seus dados já foram enviados para as urnas de votação. Em seu perfil online, nenhuma menção às eleições. Carla só tomou conhecimento de que ainda era candidata após contato da Campanha Libertas, e se desesperou com a possibilidade de ser considerada “laranja” – termo usado para designar candidaturas forjadas.
Joana Suarez (com colaboração da equipe Libertas)
“Sangue de Jesus tem poder! Tenho uma declaração assinada pelo diretor do PSL dizendo que entreguei a carta. Vou resolver isso agora”, afirmou a professora, que não chegou a ir pessoalmente ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), confiando que o partido retiraria sua candidatura. O diretor do PSL a informou que seu nome “sumiria” após o pleito. No entanto, em caso de desistência, o pedido deve ser apresentado imediatamente à Justiça eleitoral. Ela não respondeu mais à reportagem.
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Carla cogitou disputar sua primeira eleição para “ajudar orfanatos e asilos”, mas quando soube que precisaria de, no mínimo, “18 mil ou 22 mil votos para se eleger”, disse, e acabou achando melhor pleitear o cargo de vereadora primeiro. Em 2014, os que conseguiram uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas tiveram de 25 mil a 165 mil votos.
Flávio Tavares