Em seu apartamento em um bairro de classe média no Rio de Janeiro, a carioca Luzia*, de 31 anos, mostra à BBC News Brasil as duas agulhas de tricô que, em um momento de total desespero, comprou para tentar fazer um aborto caseiro.
Com formação universitária, casada e mãe de duas filhas, ela estava totalmente ciente do risco que iria correr.
“E você acha que não passou pela minha cabeça a possibilidade de eu morrer?”, diz. “Se eu morrer? (Pensei que seria) muito mais fácil. Minha filha mais velha vai morar com meu ex, minha mais nova fica com meu marido e está tudo certo.”
“Passam pela sua cabeça umas coisas que você não imagina que iria pensar: ‘Se eu morrer eu resolvo a vida, não tenho neném, não tenho pecado’.”
Católica, Luzia diz que tomar a decisão de interromper a gravidez não foi fácil. “Não é confortável, não é uma decisão fácil. De repente, morrer seria uma solução para eu não ter que fazer essa escolha.”
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