A notícia de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se tornou o primeiro tucano a virar réu na Operação Lava Jato foi recebida sem muita surpresa no Congresso. E também fora dele. Pré-candidata da Rede à Presidência da República, a ex-ministra Marina Silva divulgou nota de apoio à consecução das investigações, que agora chegam à fase da ação penal depois que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou, em sessão realizada mais cedo, a denúncia por corrupção e obstrução de Justiça.
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Para o senador, trata-se apenas de uma oportunidade para que ele possa provar sua inocência (veja no vídeo abaixo).
“As graves denúncias contra o senador Aécio Neves pelos crime de corrupção passiva e obstrução de Justiça precisam ser apuradas e julgadas com celeridade e rigor. Ninguém pode ficar impune sob o manto do foro privilegiado!”, destacou a ministra do Meio Ambiente no governo Lula (2003-2008), que foi muito criticada pela esquerda brasileira quando, em 2014, apoiou Aécio em segundo turno contra Dilma Rousseff.
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Único senador da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) minimizou o apoio a Aécio em segundo turno ao lembrar que Marina, como idealizadora e figura principal do partido, avalizou a denúncia que o Conselho de Ética da Casa abriu (e arquivou por “insuficiência de provas”) contra o tucano. Nos termos da legislação vigente, cabe a partidos – e não a congressistas, individualmente – pedir abertura de processo por quebra de decoro parlamentar nas duas Casas legislativas.
Companheiro de partido de Aécio, o senador Ricardo Ferraço (ES) evitou juízo de valor e se limitou a dizer que o colega terá oportunidade de se defender. “Minha avaliação é que o Supremo julgou adequadamente, para que o senador possa se defender. Nenhum de nós está acima da lei. Todos nós podemos ser investigados e precisamos provar a nossa inocência”, declarou Ferraço, para quem não é hora de falar em eventual cassação do senador. “Ele não foi condenado. Continua no pleno exercício da sua atividade político-parlamentar. É isso que determina a lei.”
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Um dos principais aliados de Aécio no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) também manifestou naturalidade ao comentar o assunto. “A lei serve para todos. Na República ninguém está imune a investigação. É preciso respeitar o amplo direito de defesa, o contraditório, o devido processo legal que, obviamente, serão respeitados. Nós estamos construindo um Brasil onde a lei sirva para todos, onde a Justiça possa ser feita para todos. Portanto, há que se respeitar e acatar a decisão do Supremo Tribunal Federal”, ponderou o senador, aproveitando para alfinetar o PT, principal adversários do PSDB nas últimas eleições.
“Ao contrário de outros partidos, que atribuem a esse novo momento do Brasil uma decisão política, uma perseguição da Justiça, o PSDB sempre defendeu as investigações que estão em curso, a manifestação livre e autônoma do Poder Judiciário”, acrescentou Cássio Cunha.
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