247 – Embora a Globo tenha negado, em nota, ter pago propinas a dirigentes da CBF para obter direitos de transmissão de jogos das copas Libertadores da América e Sulamericana, como delatou o empresário argentino Alejandro Burzaco, o grupo de mídia da família Marinho sentiu o cheiro de queimado logo depois da eclosão do escândalo Fifa.

Em 3 de novembro de 2015, o então presidente da entidade, José Maria Marin, foi extraditado para os Estados Unidos. Marin foi preso em Zurique em 27 de maio com outros seis dirigentes da Fifa num hotel de luxo na capital suíça onde participariam do congresso da entidade que elegeu Joseph Blatter para mais um mandato na presidência. O dirigente brasileiro é acusado de receber propinas de milhões de dólares em contratos de marketing relacionados à venda de direitos de TV da Copa América e da Copa do Brasil em suas edições de 2013 até 2022.

Apenas dois dias depois da extradição do cartola da CBF, no dia 5 de novembro de 2015, o presidente do Grupo Globo, Roberto Irineu Marinho, distribuiu comunicado aos diretores informando o afastamento de Marcelo Campos Pinto do comando da Globo Esportes, o braço de negociações de direitos esportivos do Grupo Globo.

Campos Pinto foi figura-chave nos bastidores do futebol brasileiro nas últimas duas décadas. Ele deu as cartas nas negociações de direitos de transmissão. Em 2011, com a implosão do Clube dos 13, conseguiu manter o futebol na Globo negociando diretamente com os clubes. A TV passou a ser a principal fonte de receitas dos times. No ano passado, segundo estudo do Itaú BBA, Globo e seus canais pagos injetaram R$ 1,210 bilhão nas 23 maiores agremiações futebolísticas do país, que arrecadaram R$ 3,113 bilhões no total.

Segundo o delator argentino Alejandro Burzaco contou à Justiça dos Estados Unidos, Campos Pinto, teria se encontrado, em 2012, com cartolas do esquema – Julio Humberto Grondona, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Alejandro Burzaco – acertando o repasse de $ 600 mil a Marín e Del Nero (leia mais).

A Globo, principal patrocinadora do golpe parlamentar sob a bandeira do “combate à corrupção”, que arruinou a economia e imagem do País perante o mundo, agora é denunciada praticando o mesmo crime que supostamente quis combater. A Globo será julgada sob a presunção de inocência que não demonstrou contra seus desafetos, como o ex-presidente Lula?