“Com destaques questionáveis, disparidades no aprofundamento dos temas e até a normalização de discursos falaciosos, muitas checagens levaram à simplificação de debates complexos e tiveram sua realização conduzida, na prática, pelos interesses das grandes empresas de comunicação promotoras do fact-checking”

O primeiro turno da campanha presidencial se aproxima e parte significativa da checagem de informações realizada nos últimos meses girou em torno das propostas e programas de governo apresentados pelos candidatos/as à Presidência. “Dá pra fazer?”, questionaram algumas iniciativas de fact-checking vinculadas a grandes meios de comunicação. A relevância de um debate aprofundado sobre os programas de governo na imprensa é indiscutível. Porém, várias dessas verificações apontaram para o sentido oposto.
Com destaques questionáveis, disparidades no aprofundamento dos temas e até a normalização de discursos falaciosos, muitas checagens levaram à simplificação de debates complexos e tiveram sua realização conduzida, na prática, pelos interesses das grandes empresas de comunicação promotoras do fact-checking.
O primeiro elemento que chama a atenção nessa leitura crítica é a seleção dos conteúdos a serem verificados e o aprofundamento dado à análise, num quadro de grande diversidade de forma e densidade dos programas de governo dos candidatos/as à Presidência. Enquanto alguns foram divulgados como apresentação de slides, outros são documentos com mais de 200 páginas; enquanto alguns apresentam análises dos problemas, outros apenas pontuam ações e propostas brevemente. Muitas das verificações gerais dos programas e das propostas desconsideraram essa diversidade e criaram prioridades conforme os interesses dos checadores.
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